quinta-feira, 14 de março de 2013

A descoberta

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Minha descoberta sobre a bipolaridade não foi de forma agradável. Imagino que para a grande maioria que tem a doença também deve ter sido bem parecido, ou pior, mais traumático que a minha. Não estava no meu estado normal e sabia que aquilo já havia acontecido antes em outros momento da minha vida.

Havia decidido mudar minha vida em 180° e para tanto larguei tudo para trás. Casa, emprego, cidade, mulher, estilo de vida. Tudo o que eu não via mais sentido, deixei para trás. Algo me incomodava, precisava sair correndo. Sentia que estava fugindo, e não era a primeira vez. Em tantas outras vezes fugi de mim mesmo dentro de mim.

De supetão, fui! e acreditava que tinha um propósito divino por trás disso tudo (se tem mesmo, hj não sei).

Preparava-me para uma grande mudança da minha vida, Queria mudar de cidade, de emprego, de amizades, de estilo de vida (talvez de vida). Para tanto, tudo foi calculadamente planejado. Quando começaria e quando teria que terminar.

De um estado perto ao de um atleta, que corria quilômetros às 6h, tendo dormido apenas 6 horas por noite; crenças de que o mundo era possível dentro dos meus desejos e possibilidades mais impossíveis; que minhas capacidades eram muito, mas muito maiores do que realmente poderiam ser; de que não haviam riscos em meu caminho, e não eram contabilizados, desde portas de carro que bati com força excessiva, portas de quarto que esmurrei, braço da namorada que agarrei com mais força, a voz que saía alta demais, tristeza sem motivos, melancolia, desejo de morte, apatia, descenço...

Minha própria namorada, hoje minha esposa, me deu o alerta: - Você tem algum problema! Isso não é normal!

Procurei um médico, algum tempo depois ajuda com terapeuta e daí o que estava atrás da cortina foi finalmente esclarecido. Sempre soube de certas "anormalidades", mas nunca consegui identificar o porquê de existir. Muitos ao meu redor me criticavam, me rotulavam desde sempre disso e daquilo, mas na verdade havia (e ainda há) uma ignorâcia gigantesca das pessoas com relação à doenças mentais. Ainda hoje, dizer que se é bipolar, dislexo, ou qualquer coisa, causa diversos tipos de reação. No meu caso, especialmente, eram as críticas e consequentemente a falência das relações que eu mantinha com as pessoas. Pai, mãe, irmão, amigos, parentes e namoradas... todos sem excessão tiveram algum aborrecimento comigo de alguma natureza. 

Hoje, aceitar que tenho a doença e tantas limitações relacionadas, me faz saber até onde posso ir. Essa é uma dica que deixo, se é que posso deixar dica para alguém: PROCURE UM PSIQUIATRA e um PSICÓLOGO. Eu tenho a sorte de ter uma mulher que me ama e me ajuda até hoje. Em outras ocasiões, foi bem diferente.

Abraço a todos!!