quinta-feira, 4 de abril de 2013

Transtorno Bipolar: Usando-o contra o portador



Conviver com um bipolar não é fácil. Eu sei disso por ser um. Dou um trabalho do cão. Em outros tempos, quando não estava medicado, dava muito mais.
O que não é certo, a meu ver, é o parceiro, pai, mãe, seja quem for que convive com um, querer usar a doença para atacá-lo. Quem é bipolar sabe o quanto é duro ter que ouvir de quem gosta, com o dedo em riste apontado ao rosto: - Você faz isso porque é bipolar. Você fez aquilo porque é bipolar. Você não tem jeito. Você não tem solução. Você conta isso para seu médico? Você é mau! Você não tem caráter! (Daí eu digo: o que caráter tem a ver com Transtorno Bipolar?)

Nossa, quem nunca ouviu isso? Eu já! Se isso não é normal de se ouvir, então estou pensando certo: tenho pessoas despreparadas ao meu lado. Mas de certa forma, não as culpo. Sei o quanto é difícil.

Mas vejamos por outro lado. Quem não é difícil? Quem não tem seus momentos de chatice? Ah, por favor, se você se sente elevado demais para não estar ao lado de um portador de Transtorno Bipolar, tchau! Simples assim. A frequência é outra. Certamente você encontrará alguém com seu perfil. Um perfil mais quadradinho, sem percalços, sem dúvidas, sem tristezas, melancolias, euforias...

O bipolar, muitas vezes incomoda por estar no canto dele, no próprio mundo, já percebi. Isso, para a nossa sociedade, muitas vezes é inaceitável. Mas ali, naquele mundo particular, existe um barril de pólvora com um pavio curto e pronto para explodir. O que acontece? Geralmente alguém desavisado (ou não) vem mexer na bomba e ela explode. 

O portador da doença geralmente sabe de suas limitações, mas não sabe como se controlar, isso porque ainda não identificou o gatilho de suas crises.

Respeite, tente entender, ajude-o, encoraje-o. Certamente a convivência será melhor.