terça-feira, 26 de novembro de 2013

Honestidade





Honestidade se faz na solidão.
Sempre tive essa frase como verdadeira para mim e sempre a entendi muito óbvia.

A anedota que vou contar hoje eu ouvi em uma video-aula de filosofia a respeito da solidão e sem querer explicitar todo aquele conteúdo visto por mim (que por sinal é riquíssimo), resolvi extrair apenas o que direi a seguir:

***

Em uma pequena vila, mas pequena mesmo, com pouquíssimos habitantes, recursos escassos e localização erma, havia um templo. Este templo mantinha-se com as mínimas doações dos seus pobres habitantes. O templo estava já a cair de tão velho e sem reparos. Os monges dali se reuniram e foram ao mestre para pedir seu conselho, sua ajuda espiritual para o caso e disseram:





- Mestre, precisamos fazer algo, o templo vai cair e todos nós vamos morrer aqui dentro!

O mestre parou de meditar, olhou para o teto, paredes, chão e disse:

- Sim, claro! Tenho uma ideia! Aqui perto tem uma pequena cidadezinha. Vão até lá e roubem.
- Mas roubar? Disseram os monges sem entender direito.
- Sim! Roubem tudo o que precisarem para a reforma, mas com uma condição: Não deixe que ninguém os veja.

Assim lá se foram os monges para a cidade vizinha roubar.
Algum tempo depois o mestre caminhando pelo templo encontra um jovem monge fazendo suas tarefas e pergunta:

- Oh, rapaz, o que está fazendo aqui?
- Estou fazendo o que o senhor me ordenou, disse o monge.
- Mas eu disse para vocês irem roubar na cidade vizinha, não foi?





- Sim, mestre! Porém, o senhor nos deu uma condição, que ninguém nos visse. Sendo assim eu não fui. Eu mesmo já estou me vendo. Eu sou um ser de auto-observação e devo me respeitar. Jamais deixaria que minha vida fosse levada a isso, mestre. Obrigado pela lição.

6 comentários:

  1. Boa Noite, meu esposo é bipolar, foi diagnosticado há apenas 1 semana e está sofrendo muito em aceitar e com medo do futuro, gostaria de saber se vc teria algumas palavras a dizer a ele, que por exemplo se ele se cuidar pode levar uma vida normal e td o mais, por favor. \obrigada Priscilla

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    1. Oi Priscila, tudo bem?

      Olha, o que posso dizer ao seu esposo com toda a segurança é que o que ele está passando eu passei. Isso é normal. Insegurança, medo do futuro... aquela pergunta na cabeça: "Quem sou eu?"

      Enfim, o que posso aconselhar é que procure mais de um médico, mais de uma opinião. Existem transtornos parecidos e bem próximos um dos outros, entende? E mesmo que todos os profissionais indiquem que ele realmente é bipolar, podem passar medicações diferentes. Fique atento, pesquise, leia, você não é pior que ninguém por causa da doença.

      Outra dica é procurar um psicólogo. É imprescindível para seu autoconhecimento. A fase que eu mais evolui foi quando fiz terapia. Muita coisa foi entendida e o porquê de eu chegar até aqui.

      No mais, estou sempre aqui no que precisar.
      Abraços e boa sorte!

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  2. Olá,

    Há tempos desconfio do comportamento do meu esposo, então resolvi pesquisar...São 8 anos de pergunta sem respostas.Num mesmo dia acorda amigo, dócil, feliz e ao final é silencioso, com o olhar longe, agressões verbais e isolamento.Durante esses 8 anos em qualquer momento de crise sempre ameaça a separar, isso porque já me deixou realmente(já até perdi as contas).Portanto carreguei uma culpa dilacerante.Não entendia nada.os amigos se afastaram, e todos me acham uma tola, alegando como eu estou até hoje ao lado de um homem assim.Eu também não sei dizer.existe um fascínio, pois ele é inteligente e muito querido por todos.Carrega um amor incondicional pela mãe, mesmo eu vendo ele tratá-la as vezes de forma grosseira.Eu sei que ele jamais vai aceitar um tratamento.Gostaria de perguntar, o que passa na cabeça de vocês quando falam em separação a torta e a direita?, vocês reconhecem o que nós cônjuges fazemos por vocês?E há um certo arrependimento depois?O engraçado que não há também um pedido de desculpas nem nada... sempre fica por isso mesmo.P.S: eu comecei terapia e ao relatar o comportamento de meu marido ela foi enfática em dizer que ele precisava procurar um psiquiatra.Daí começou minhas pesquisas.

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    1. Olá, amiga, tudo bem?

      Bom, é isso mesmo... os sintomas que seu esposo apresenta eu sempre apresentei. Infelizmente, passei a vida tentando responder para mim mesmo o porque de me comportar desta forma. Não tive quem pudesse me ajudar e somente agora, com cerca de 34 anos minha esposa me aconselhou a procurar um médico e um psicólogo.

      Se eu pudesse dar um conselho, diria para não ir apenas ao psiquiatra, mas também a um psicólogo e também a cuidar do lado espiritual, por que não? Não estou aqui fazendo qualquer pré julgamento, pois não sei se vocês frequentam algum templo, igreja, etc. O que vale, a meu ver, é procurar você dentro de você mesmo, compreende?

      Quando comecei a fazer terapia fui ver o quanto me desconheço e aprendi muito com isso, e ainda aprendo.

      Não posso dizer quanto ao seu esposo, já que cada caso é um caso, uma pessoa diferente, com experiências e vidas diferentes. Não sei te dizer com precisão o que se passa na cabeça quando se fala em separação, porém te digo que mesmo não parecendo, há arrependimento depois... O pedido de desculpas deve ser um exercício dos casais.

      Por que não sentar e conversar mais sobre essa questão? Mostre como funciona o transtorno; as pessoas que tem; tipos de tratamento e como funcionam; porcentagem na sociedade; a vida normal que se pode levar. Tenho certeza que você encontrará um vasto material para pesquisa. Aqui mesmo no blog já tem algumas coisas úteis e interessantes. Coloque um filme!! Que tal "Mr. Jones"? "O lado bom da vida"... vocês já viram? Tenho um post sobre o "Mr. Jones", você já viu?

      http://bipolardiadia.blogspot.com.br/2013/02/mr-jones.html

      Enfim, para reconhecer todo o esforço vindo de esposa, filhos, pais... eu tive que trazer a nível consciente. Precisei primeiro entender o transtorno, saber como era e como eu agia para daí entender o que me cercava.

      Bom, desculpe-me por falar tanto. Caso queira deixar qualquer comentário, fique à vontade!

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  3. Obrigada pela sua resposta e dicas valiosas.(Sou a anônima ai de cima)

    É bom poder ter esse contato, pois há tantas dúvidas.Meu esposo também tem a mesma idade 34 anos.O interessante que antes eu achava que as brigas e o comportamento era devido á idade.Jovens todos enérgicos.Mas lá no fundinho eu via algo errado.Desculpe-me às perguntas...Quando estão no isolamento, naquele silêncio dos olhos(como você disse e eu acho que caiu como uma luva) Como devemos agir? Ficar caladinha esperando vocês tomarem a iniciativa de uma conversa ou melhora?Percebo que nessa fase até os nossos afazeres em prol de vocês os incomodam.Parece que se fizermos qualquer coisa estamos invadindo a privacidade e a sua auto suficiência...É isso mesmo?
    Obrigada por responder.

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    1. Olá amiga, tudo bem?
      É isso mesmo. Às vezes incomoda, mas não sabemos porque. Mas ao mesmo tempo é bom saber que temos alguém com quem se pode contar, alguém que estará conosco e não nos abandonará. O mais angustiante é que nem mesmo o bipolar sabe qual reação pode vir a ter. Em alguns momentos me sinto meio selvagem, arisco, como um pássaro, que você vê de longe, vai chegando perto, perto e ele só te olha; de repente ele voa pra longe, para o alto de uma árvore. Muitas vezes, o alto da árvore é a profundeza da alma...

      Enfim, só quero te mostrar que o que sentimos, ÀS VEZES, é um vontade de isolamento, mas muitas vezes temos nossa vontade de socialização e de estarmos juntos. Isso vai depender muito do tipo de bipolaridade. Aliás, o médico conversou com ele a respeito disso? Se não, leitura é importante para entender. Você, minha amiga, tem um papel importantíssimo nesse momento na vida dele. Se ele ainda não confia no diagnóstico, não vai se sentir confortável em discutir ou ler a respeito, mas tudo tem seu tempo. Com calma as coisas se ajeitam.

      Não deixe de perguntar, ler, questionar. Não sou especialista, mas no que eu puder ajudar, estarei `disposição, ok?

      Grande abraço e feliz Natal!

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