terça-feira, 18 de junho de 2013

Bipolar dia a dia...

Como é difícil se entender... Já ouvi e vi muitas pessoas dizendo que falar de si é bastante difícil. Falar de si sem saber o que pode vir pela frente, acredito ser pior ainda.

Você, meu amigo leitor, que sofre de TAB, sabe ou saberá que por muitas vezes estamos bem e de repente o castelo de cartas desaba. Basta um pequeno vento para tudo cair, como se ali no meio das cartas houvesse esperança e felicidade...


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Hoje eu acordei assim. Infelizmente tive a nítida sensação que aquela felicidade que me acompanhava tinha um tempo para acabar, e acabou. Acreditei que pudesse ser um simples cansaço ou fadiga mental, mas lembrei-me que passei o fim de semana de pernas para o ar, curtindo momentos bons ao lado de minha esposa...

Caí novamente para a doença e caí na real novamente: esta doença não sai de mim. Como é triste e angustiante. Já veio aquela vontade de chorar e uma dor no peito muito forte. Lembrei-me que agora a pouco eu estava bem, estava disposto e otimista, porém não conseguia frear o bolso, estava permanentemente com uma hiperatividade absurda, agitação fora do normal. Estava com todos os  sintomas, mas não consegui enxergar, não queria acreditar nisso....

Sou diagnosticado há 2 anos. Hoje sei que tenho a doença provavelmente desde a adolescência e mesmo assim ela me pega de surpresa. Meu organismo me pega de surpresa, minha mente frágil...

Neste momento tudo são reticências, tudo são etcéteras... tudo se estende a um momento que não sei qual será... Reativamente estou perto de matar um e isso também me faz ter vontade de chorar, não nego. Não gosto disso...

Quero e preciso de quem me ama perto. De quem me compreende. Sei que tenho.
Vejo como pode-se ser frágil com essa p***a de doença!!!

Não queria ser assim, bipolar dia a dia...

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Medicação II

Como descrito anteriormente na postagem Medicação, deixei o "Dr. Menino" (assim eu o chamava, pois era um médico jovem) e a partir desse momento fiquei solto no mundo. Não sabia exatamente se eu iria acreditar naquele certeiro diagnóstico de Transtorno Afetivo Bipolar ou não. A verdade é que meu subconsciente não queria a aceitar a doença e cá entre nós, era muito cedo para tal. 

"Perambulei" sem médico por alguns meses até me ver em uma situação de necessidade de contatar outro médico. O Dr. Parreira (nome fictício) calmamente no seu estilo de ser me diagnosticou como portador apenas de distimia, doença bem parecida com a Depressão, porém crônica e de moderada intensidade, me receitando Cloridrato de Bupropiona. Segundo o site Psicosite, a bupropiona é um antidepressivo com ação farmacológica primária de inibição da recaptação das monoaminas como a dopamina e a adrenalina serve para as principais indicações no tratamento da depressão e da dependência a nicotina.




Ficheiro:Bupropion-Enantiomers Structural Formulae.png
Cloridrato de Bupropiona



Ah, que maravilha, pensei eu naquela ocasião. Não tenho Transtorno Bipolar! Acho que posso confiar nesse médico. Parece que ele acertou no diagnóstico e eu irei caminhar tranquilamente. 

Melhor que tudo isso era saber que sendo "apenas"distímico, um dia eu poderia largar aquela medicação, pois, segundo o médico, a Bupropiona iria regular meu humor e dentro de uns 6 anos provavelmente eu iría largar a Bupropiona. Isso era tudo o que eu queria ouvir.

O portador de uma doença como o Transtorno Bipolar, diabetes ou alcolismo sente grande dificuldade de assumi-la, principalmente por ter que mudar algumas rotinas e assumir outras bem difíceis. Agora, se formos observar, essas mudanças geralmente trazem aspectos e hábitos positivos e saudáveis para o indivíduo, como largar o álcool e a preocupação com uma alimentação equilibrada e saudável.

Enfim, meu conto de fadas naquele momento acabou quando caí em uma crise. Encontrava-me abatido, triste, sem forças e motivação para mais nada. Não era simplesmente querer ou não fazer, era falta de condição física e mental. Não havia como.... Eu só queria estar em casa largado como tantas outras vezes. Muito triste.

Procurei o Dr. Parreira diversas vezes e não consegui falar. Só a secretária conseguia me atender e lógico, nada podia fazer por mim. 

Senti-me só, pois um paciente necessita sentir seu médico por perto, senão perde o chão.

Estava mais que provado que o Dr. Parreira não tinha condições d eme acompanhar. Larguei-o sem qualquer medo de ser feliz. Não tinha tempo a perder. Minha vida e a das pessoas que me rodeavam estavam a perigo.

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sábado, 8 de junho de 2013

Medicação


Lembro-me quando fui a um médico psiquiatra pela primeira vez. Já em uma sala de espera, a recepcionista me pediu para preencher uma ficha extensa com relatos meus de acontecimentos de 3 ou 6 meses atrás e também alguns da adolescência. Como foi difícil responder algumas. Confesso que algumas ficaram com respostas bastante duvidosas de minha parte. Nem eu mesmo tinha certeza daquilo.... enfim, era o pouco que sabia de mim. Essa era a sensação. Era a sensação de que eu sabia pouco de mim. A partir daquele momento eu descobriria isso, descobriria que não estava nem mesmo preparado para descobrir tanto sobre mim...

Feita a ficha, houve uma espera interminável e eu me sentia como o novo "doido" da praça. Olhava os outros pacientes à minha volta para tentar descobrir qual era a deles: Será bipolar? Esquizofrênico, depressivo, paranoico?? - Confesso que até hoje eu faço isso!

Entrei no consultório, relatei quase tudo o que estava na pesquisa que havia feito anteriormente e no fim de toda minha explicação, o médico me disse que não poderia me dar certeza de um diagnóstico, já que certos transtornos tem grande similaridade com outros, mas que eu tinha grande chance de ser portador do Transtorno Afetivo Bipolar. De mim, uma frustração, ou melhor, várias. Não queria ouvir aquilo e ao mesmo tempo queria que ele tivesse sido categórico e me dissesse de vez qual o meu problema e de preferência sem eu ter que relatar toda a minha história. No fundo, queria que fosse meio coisa de vidente (ridículo, mas rolou esse sentimento!).Enfim, ele dizendo de uma vez por todas o meu problema, eu o encararia, pois estava decidido. 


Lamotrigine 3d structure.png
Lamotrigina


O Dr. "Menino" me passou Lamotrigina, droga anticonvulsivante utilizada no tratamento da epilepsia e do Transtorno Afetivo Bipolar. A lamotrigina também atua como estabilizador do humor. É aprovada para tratamento de manutenção do transtorno bipolar tipo II, que é o meu caso.


Teria sido fantástico se não tivesse me dado uma reação alérgica pelo corpo. Cocei-me até me ferir.

Larguei o medicamento; larguei o Dr. "Menino".