quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Abstinência à antidepressivo (Seu corpo é quem sabe quando parar)


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Já passei por uma experiência bastante difícil e aqui é "o lugar" para deixar registrado. Desde que fui diagnosticado como bipolar tomo três medicações diárias: Sertralina, Depakote e Topiromato. Depois de uns eventos de euforia, o profissional que me acompanha acreditou (não por má fé, claro) que seria interessante eu começar a "desmamar" a Sertralina. Ah, isso para mim era tudo o que eu queria. Uma medicação a menos. Daí fomos lentamente tomando meia dosagem até largar. No exato dia que deixei a última "pedrinha" de Sertralina, os sintomas mais absurdamente incômodos começaram a aparecer. 

Fui, na minha adolescência, usuário de alguns tipos de droga. Minha condição de hiperatividade me fazia buscar essa "medicação". Mas quando os sintomas da falta da Sertralina vieram, eu constatei que aquilo que eu estava sentindo era infinitamente mais forte e mais impactante que o sentimento de qualquer droga.

No início pensei que estava com uma virose. Aguardei um dia para ir ao médico, mas no outro dia vi sintomas tão inéditos, que pensei que estivesse morrendo mesmo. Meu espírito parecia que ia sair pela boca, ou pelo peito. O coração palpitava e galopava, enquanto as mãos suavam sem motivo aparente. Paracia que eu sentia um medo absurdo de tudo. Pânico! Comecei a ter uma sensibilidade ainda maior em minha pele. Em toda parte do corpo eu sentia uma vibração como se estivesse levando pequenos choques. Isso me impedia de andar direito. Andava cambaleando e me via sem forças e vontade de tomar banho, comer, vestir. Chorava de repente, de repente mesmo. A angústia era tão forte que saía fora do peito, vinha na garganta e o choro explodia... do nada! Tinha medo de estar no trabalho e de repente eu começar a chorar como se eu tivesse acabado de perder um ente querido. 

Em todas as noites eu acordava sufocado. Tomava susto, pois na verdade nem sempre estava respirando e daí estourava um choro rasgado na noite. Era um choro daqueles que se sente sozinho no silêncio da noite. Choro comprido e sofrido. Choro que poucos entendem.

Voltei ao médico depois de uma semana sentindo os sintomas. A afirmação era clara de que meu corpo ainda não consegue ficar sem a Sertralina, sem a droga. Entendi que meu psicológico, inteligentemente, enviou mensagm para que eu sentisse as reações e voltasse a tomar logo. 

Um dia depois voltei a tomar a Sertralina. Melhorou no mesmo dia. Todos os sintomas sumiram. Porém, uma absurda dor na lombar apareceu e me impede de ficar em pé. Procurei uma massagista. A primeira coisa que ela me perguntou foi se eu havia passado por algum grande stress na semana anterior, pois stress acarreta essas dores.

Ainda prefiro a dor na lombar.

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